Três Feridas Leais

quarta-feira, 24 de novembro de 2010


Permitam apresentar-lhes uma pequena dama, falecida há perto de seiscentos anos. Ela vivia,amava,orava e cantava na cidade de Norwich, na Inglaterra. Esta humilde mulher não tinha muita luz nem como consegui-la, mas o que é belo a seu respeito é que , com a escassa luz que tinha, ela andava com Deus, e tão maravilhosamente junto dele que se tornou fragrante como uma flor. E muito tempo antes da Reforma, era em espírito uma genuína evangélica. Ela viveu e morreu, e agora já faz quase seiscentos anos que está com o seu Senhor, mas deixou atrás a sua fragrância de Cristo.

A Inglaterra era um lugar melhor porque esta humilde senhora vivia. Ela escreveu somente um livro, um livro minúsculo, que se pode levar no bolso ou na bolsa, mas tão saborosamente substancioso, tão divinamente inspirador, tão celestial, que constitui distinguida contribuição à grandiosa literatura espiritual do mundo. A dama a quem me refiro é a Senhora Juliana.

Antes de espocar nesta radiosa e gloriosa vida que a fez famosa como grande cristã em toda sua região, ela fez uma oração, atendida por Deus. É nesta oração que se concentra o meu interesse nesta noite. Eis a essência da oração: “Ó Deus, dá-me, por favor, três feridas: a ferida da contrição, a ferida da compaixão e a ferida da aspiração por Deus.” Depois ela acrescentou um post-scriptum que acho que é uma das coisas mais lindas que já li: “Isto peço sem condição”. Ela não estava fazendo barganha com Deus. Queria três coisas, e todas as três para a glória de Deus: “Peço isto sem condição, ó Pai; faze o que peço e, depois, manda-me a conta, seja qual for o preço estará bem para mim.”

Todos os grandes cristãos foram almas feridas. É estranho o que uma ferida faz com o homem. Eis o soldado que parte para o campo de batalha. Ele vai cheio de pilhérias, energia e segurança própria; então um dia, uma raja de metralhadora o atinge, e ele cai – um homem batido, derrotado, choramingão. Num repente, todo o seu mundo sofre colapso à sua volta. E este homem, em vez do sujeito grandioso, forte e valente que pensava ser, subitamente se vê o menino chorão de outrora. É o que sempre se soube, me dizem clamarem os combatentes por suas mães quando ficam sangrando e sofrendo no campo de batalha. Não há nada como uma ferida para tirar-nos a auto-segurança, para reduzir-nos outra vez à infância, e tornar-nos pequeninos e incapazes à nossa própria vista.

Ousemos inclinar agora os nossos corações e dizer: ”Pai, tenho sido um cristão irresponsável e infantil – mas interessado em ser feliz do que santo. Ó Deus, dá-me três feridas. Fere-me com o senso da minha pecaminosidade. Fere-me com compaixão pelo mundo, e fere-me com amor por Ti que me mantenha sempre buscando, sempre sondando, sempre procurando e sempre achando.”
Se você ousar fazer essa oração com sinceridade e expressá-la diante de Deus, poderá ser este um ponto decisivo em sua vida. Poderá significar a abertura de uma porta de vitoria para você.
Permita Deus que assim seja. A.W.Tozer.

Trechos extraídos do texto “Três Feridas Leais.”
Livro: Homem: Habitação de Deus – Como a natureza divina entra no coração do Homem – Editora Mundo Cristão.

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