Três Feridas Leais

quarta-feira, 24 de novembro de 2010


Permitam apresentar-lhes uma pequena dama, falecida há perto de seiscentos anos. Ela vivia,amava,orava e cantava na cidade de Norwich, na Inglaterra. Esta humilde mulher não tinha muita luz nem como consegui-la, mas o que é belo a seu respeito é que , com a escassa luz que tinha, ela andava com Deus, e tão maravilhosamente junto dele que se tornou fragrante como uma flor. E muito tempo antes da Reforma, era em espírito uma genuína evangélica. Ela viveu e morreu, e agora já faz quase seiscentos anos que está com o seu Senhor, mas deixou atrás a sua fragrância de Cristo.

A Inglaterra era um lugar melhor porque esta humilde senhora vivia. Ela escreveu somente um livro, um livro minúsculo, que se pode levar no bolso ou na bolsa, mas tão saborosamente substancioso, tão divinamente inspirador, tão celestial, que constitui distinguida contribuição à grandiosa literatura espiritual do mundo. A dama a quem me refiro é a Senhora Juliana.

Antes de espocar nesta radiosa e gloriosa vida que a fez famosa como grande cristã em toda sua região, ela fez uma oração, atendida por Deus. É nesta oração que se concentra o meu interesse nesta noite. Eis a essência da oração: “Ó Deus, dá-me, por favor, três feridas: a ferida da contrição, a ferida da compaixão e a ferida da aspiração por Deus.” Depois ela acrescentou um post-scriptum que acho que é uma das coisas mais lindas que já li: “Isto peço sem condição”. Ela não estava fazendo barganha com Deus. Queria três coisas, e todas as três para a glória de Deus: “Peço isto sem condição, ó Pai; faze o que peço e, depois, manda-me a conta, seja qual for o preço estará bem para mim.”

Todos os grandes cristãos foram almas feridas. É estranho o que uma ferida faz com o homem. Eis o soldado que parte para o campo de batalha. Ele vai cheio de pilhérias, energia e segurança própria; então um dia, uma raja de metralhadora o atinge, e ele cai – um homem batido, derrotado, choramingão. Num repente, todo o seu mundo sofre colapso à sua volta. E este homem, em vez do sujeito grandioso, forte e valente que pensava ser, subitamente se vê o menino chorão de outrora. É o que sempre se soube, me dizem clamarem os combatentes por suas mães quando ficam sangrando e sofrendo no campo de batalha. Não há nada como uma ferida para tirar-nos a auto-segurança, para reduzir-nos outra vez à infância, e tornar-nos pequeninos e incapazes à nossa própria vista.

Ousemos inclinar agora os nossos corações e dizer: ”Pai, tenho sido um cristão irresponsável e infantil – mas interessado em ser feliz do que santo. Ó Deus, dá-me três feridas. Fere-me com o senso da minha pecaminosidade. Fere-me com compaixão pelo mundo, e fere-me com amor por Ti que me mantenha sempre buscando, sempre sondando, sempre procurando e sempre achando.”
Se você ousar fazer essa oração com sinceridade e expressá-la diante de Deus, poderá ser este um ponto decisivo em sua vida. Poderá significar a abertura de uma porta de vitoria para você.
Permita Deus que assim seja. A.W.Tozer.

Trechos extraídos do texto “Três Feridas Leais.”
Livro: Homem: Habitação de Deus – Como a natureza divina entra no coração do Homem – Editora Mundo Cristão.

CADA GERAÇÃO DE CRISTÃOS DEVE EXAMINAR AS SUAS CRENÇAS

sexta-feira, 19 de novembro de 2010


A palavra doutrina significa simplesmente crenças sustentadas e ensinadas. A sacra tarefa de todos os cristãos, primariamente como crentes e secundariamente como mestres de crenças religiosas, consiste em assegurar-se de que estas crenças correspondem exatamente à verdade. Uma precisa harmonia entre as crenças e os fatos constitui a legitimidade da doutrina. Não podemos permitir-nos menos que isso.

Os apóstolos não somente ensinavam a verdade, mas também pelejavam por sua pureza contra toda e qualquer pessoa que a corrompesse. As epístolas paulinas resistem a todos os esforços dos falsos mestres para introduzirem excentricidades doutrinárias. As epístolas de João apresentam contundente condenação dos mestres que importunavam a novel igreja negando a encarnação e lançando dúvidas sobre a doutrina da Trindade; e Judas, em sua breve mas poderosa epístola, sobe às culminâncias da m ais ardente eloqüência quando despeja desprezo sobre os maus mestres que querem desviar os
santos.

Cada geração de cristãos deve examinar as suas crenças. Se bem que a verdade mesma é imutável, as mentes dos homens são vasos porosos dos quais a verdade pode escoar-se e nas quais o erro pode infiltrar-se, diluindo a verdade que contêm. O coração humano é herético por natureza, e corre para o erro com a mesma naturalidade com que um jardim vira mato. Tudo que um homem, uma igreja ou uma denominação
precisa, para garantir a deterioração da doutrina, é tomar tudo como líquido e certo, e não fazer nada. O jardim negligenciado logo será dominado pelas ervas daninhas; o coração que deixa de cultivar a verdade e de arrancar o erro, em pouco tempo será um deserto teológico; a igreja ou denominação que cresce descuidada no caminho da verdade, não demorará a ver-se perdida e atolada em alguma baixada lodosa da qual não há como fugir. 
A.W.TOZER

TRECHO EXTRAIDO DO TEXTO "A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA CERTA"; DO LIVRO HOMEM: HABITAÇÃO DE DEUS - EDITORA MUNDO CRISTÃO.


A COMUNHÃO DOS SANTOS

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

 
Creio na comunhão dos santos”
 - Credo Apostólico -
 
            Essas palavras foram escritas no Credo aproximadamente em meados do século quinto.

Seria difícil – se não totalmente impossível – para nós nesta era presente saber exatamente o que se passava na mente dos Pais da Igreja que introduziram essas palavras ao Credo.

Contudo, no livro de Atos, temos uma descrição da primeira comunhão cristã: “Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas. E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (2:41-42).
            Eis aqui a comunhão apostólica original, o modelo sobre o qual a comunhão de todo cristão verdadeiro deve ser alicerçada.

            O termo “comunhão”, apesar de seus abusos, ainda é belo e pleno de significado. Quando corretamente compreendido, significa o mesmo que a palavra “confraternidade”, ou seja, o ato e a condição de compartilhar em união algumas bênçãos comuns a um número de pessoas. A comunhão dos santos, nesse caso, significa um compartilhamento intimo e amoroso de certas bênçãos espirituais por pessoas que estão na mesma condição diante da bênção que compartilham. Essa comunhão deve incluir todos os membros da Igreja de Deus, do Pentecostes até o momento presente, e continuar até o fim dos séculos.

Ora, antes de haver comunhão, é necessário que haja união. De certo modo, todos aqueles que compartilham estão acima da organização, nacionalidade, raça ou denominação. Essa unidade é algo divino, realizado pelo Espírito Santo no ato da regeneração. Qualquer homem que nasce de Deus é um com outro que nasce de Deus. Assim como o ouro sempre é ouro, independente do lugar ou da forma em que é encontrado, e todo fragmento separado do ouro pertence à verdadeira família e é composto pelos mesmos elementos, toda alma regenerada pertence à comunidade cristã universal e à comunhão dos santos.

Toda alma redimida nasce da mesma vida espiritual que todas as outras almas redimidas e participa da natureza divina exatamente do mesmo modo. Portanto, cada uma torna-se membro da comunidade cristã e participante de tudo o que essa comunidade desfruta. Essa é a verdadeira comunhão dos santos. Contudo, apenas saber isso não é suficiente. Se avançamos no poder dessa verdade, devemos nos exercitar nessa verdade; devemos praticar em nossos pensamentos e orações a idéia de que somos membros do Corpo de Cristo e irmãos de todos os santos resgatados, que vivem e que morreram, que creram em Cristo e O reconheceram como Senhor.

Afirmamos que a comunhão dos santos é uma confraternidade, um compartilhar de coisas concedidas por Deus por parte de pessoas que foram chamadas por Deus. Ora, quais são essas coisas?

A primeira e mais importante é a vida – “a vida de Deus na alma do homem”. Essa vida é a base de tudo que se recebe e compartilha. E essa vida não é outra coisa senão o próprio Deus. Deveria ser evidente que nenhum verdadeiro partilhar cristão de bênçãos pode existir a menos que, primeiro, a vida seja concedida. Uma organização e um nome não constituem uma igreja. Cem pessoas religiosas unidas por uma cuidadosa organização não constituem uma igreja mais do que onze homens mortos formam um time de futebol. O primeiro requisito sempre será a vida.

A comunhão apostólica também é uma comunhão de verdade. A inclusividade da comunhão sempre deve ser sustentada por seu exclusivismo. A verdade traz para seu gracioso circulo todos aqueles que admitem e aceitam a bíblia como a fonte de toda a verdade e o Filho de Deus como o Salvador dos homens. Entretanto, não deve haver um compromisso vulnerável com os fatos nem palavras sentimentais expressas em frases antigas: “Todos nós seguimos na mesma direção (...) Cada um está buscando sua própria forma de agradar ao Pai e fazer com que o céu seja o seu lar.” A verdade liberta os homens, e unirá e separará, abrirá ou fechará, incluirá e excluirá de acordo com sua excelente vontade sem respeitar as pessoas. Rejeitar ou negar a verdade da Palavra é excluir-se a si mesmo da comunhão apostólica.

Ora, alguém pode perguntar: “O que é esta verdade sobre a qual você fala? É meu destino confiar na verdade dos batistas, na verdade dos presbiterianos ou na verdade dos anglicanos, ou em todas essas verdades ou em nenhuma delas? Para conhecer a comunhão dos santos é preciso crer no calvinismo ou no arminianismo? Na forma congregacional ou na forma episcopal do regime eclesiástico? É preciso interpretar as profecias de acordo com os pré-milenaristas ou pós-milenaristas? É preciso crer no batismo por imersão ou por aspersão?” A resposta a todas essas perguntas é fácil. A confusão é apenas aparente, e não real.

Os primeiros cristãos, sob o fogo da perseguição, levados de um lugar para outro, ás vezes recusavam a oportunidade de obter uma instrução meticulosa da fé, queriam uma “regra” que resumisse tudo o que deviam crer para garantir seu bem-estar na eternidade. Em virtude dessa necessidade crucial, surgiram os credos. Dentre os muitos, o Credo Apostólico é o mais conhecido e apreciado, e foi reverentemente repetido pelo maior número de cristãos ao longo dos séculos. E, para milhares de homens de boa vontade, esse credo contém os princípios essenciais da verdade – não todas as verdades, naturalmente, mas a essência de toda a verdade. Servia, em tempos de provação, como uma espécie de senha que instantaneamente unia os homens entre si, quando esse credo era transmitido boca a boca pelos seguidores do Cordeiro. É justo, portanto, afirmar que a verdade compartilhada por santos na comunhão apostólica é a mesma verdade salientada por conveniência no Credo Apostólico.

Nesta época, quando a verdade do Cristianismo está sob um fogo perigoso vindo de muitas direções, é mais importante que saibamos no que cremos e que o preservemos com cuidado. No entanto, na tentativa de interpretar e explicar as  Santas Escrituras de acordo com a fé antiga de todos os cristãos, devemos nos lembrar que uma alma sequiosa pode encontrar salvação mediante o sangue de Cristo ao mesmo tempo em que mostra pouco conhecimento sobre os ensinamentos mais completos da teologia cristã. Portanto, devemos aceitar em nossa comunhão toda ovelha que ouviu a voz do Pastor e esforçou-se por segui-Lo.

O novo convertido à fé cristã, que ainda não teve tempo de aprender muitas coisas sobre a verdade cristã, e o cristão desprivilegiado, que teve a desventura de crescer em um grupo onde a palavra foi negligenciada do púlpito, estão quase que na mesma situação. A fé deles compreende apenas uma pequena parte da verdade, e seu “compartilhar” está necessariamente limitado à pequena parte compreendida. O importante, entretanto, é que o pouco que desfrutam consiste na verdade real. Talvez não ultrapasse a idéia de que “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores”; mas, se andarem à luz dessa grande verdade, não será necessária outra coisa para trazê-los ao circulo dos abençoados e para serem constituídos verdadeiros membros da comunhão apostólica.

Consequentemente, a verdadeira comunhão cristã consiste no compartilhar de uma presença. Não se trata de uma simples poesia, mas de um fato ensinado em letras garrafais no Novo Testamento. Deus deu-se a si mesmo a nós na pessoa de seu filho. “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18:20). A imanência de Deus em Seu universo possibilita o gozo da “verdadeira presença” tanto por parte dos santos de Deus no céu como na terra. Independente de onde eles possam estar, Deus se faz presente para eles na plenitude de Sua divindade.

Não creio que a bíblia ensine a possibilidade de comunicação entre os santos na terra e aqueles que estão no céu. Mas, apesar de não haver comunicação, o mais certo é que há comunhão. A morte não arranca o crente individual de seu lugar no Corpo de Cristo. Assim como em nosso corpo físico cada membro é nutrido pelo mesmo sangue que, ao mesmo tempo, dá vida e unidade ao organismo como um todo, no Corpo de Cristo, o Espírito vivificador que flui por todas as partes dá vida e unidade ao todo. Nossos irmãos em Cristo que se foram da nossa presença ainda preservam seu lugar na comunhão universal. A Igreja é uma, quer acordada ou dormindo, por uma unidade de vida eterna.

A coisa mais importante sobre a doutrina da comunhão dos santos são os efeitos práticos na vida dos cristãos. Sabemos pouco sobre os santos que estão no céu, mas, quanto aos santos que estão na terra, sabemos – ou podemos saber – muitas coisas. Nós, protestantes, não cremos (uma vez que a bíblia não ensina) que os santos que foram para o céu antes de nós são, de alguma forma, afetados pelas orações ou obras dos santos que permanecem na terra. Nossa atenção particular não está voltada para aqueles a quem Deus já exaltou com a visão beatífica, mas para os peregrinos sobrecarregados e esforçados que ainda estão peregrinando rumo à Cidade de Deus. Todos nós somos parte uns dos outros; o bem estar espiritual de cada um de nós é – ou deve ser – a terna preocupação dos demais.

Devemos orar por um alargamento de alma de modo que aceitemos em nosso coração todo o povo de Deus, independente de sua raça, cor ou denominação. Consequentemente, devemos pôr em prática a idéia de que somos membros da família abençoada de Deus e nos empenhar na oração para que amemos e apreciemos todos aqueles que nascem do Pai.

Eles pertencem a nós – todos eles -, e nós pertencemos a eles. Eles a nós e todos os homens e mulheres redimidos, independente de época ou região, estamos incluídos na universal comunhão de Cristo, e juntos formamos “um sacerdócio real, uma nação santa, um povo de propriedade exclusiva” (I Pe 2:9) que desfruta a comum, mas abençoada, comunhão dos santos.

A. W. Tozer

O cristianismo instantâneo

segunda-feira, 8 de novembro de 2010


O cristianismo instantâneo tende a considerar o ato de fé como um fim em si mesmo e sufoca o desejo de crescimento espiritual. Ele não compreende a verdadeira natureza da vida cristã, que não é estática mas dinâmica e expansionista. Ele passa por cima do fato de o novo cristão representar um organismo vivo, como um bebê recém-nascido, necessitado de nutrição e exercício a fim de assegurai o seu crescimento normal. Ele não considera que o ato de fé em Cristo estabelece um relacionamento pessoal entre dois seres morais inteligentes, Deus e o homem reconciliado, e um encontro único entre Deus e uma criatura feita à sua imagem jamais poderia bastar para estabelecer uma amizade íntima entre ambos.

A tentativa de englobar toda a salvação numa só experiência, ou talvez duas, por parte dos defensores do cristianismo instan­tâneo zomba da lei do desenvolvimento que abrange toda a natureza. Eles ignoram os efeitos santificadores do sofrimento, do carregar da cruz e da obediência prática. Olvidam também a necessidade de treinamento espiritual, de formar hábitos religiosos corretos e de lutar contra o mundo, o diabo e a carne. 

Atos religiosos praticados por motivos vis são duplamente maus.


Atos religiosos praticados por motivos vis são duplamente maus — maus em si mesmos e maus porque praticados em nome de Deus. Isso é equivalente a pecar em nome daquele Ser que é sem pecado, a mentir em nome daquele que não pode mentir, e a odiar em nome daquele cuja natureza é amor.

Os cristãos, especialmente os muito ativos, freqüentemente devem tomar tempo para sondar as suas almas para certificar-se dos seus motivos. Muito solo é cantado para exibição; muito sermão é pregado para mostrar talento; muita igreja é fundada como uma bofetada nalguma outra igreja. Mesmo a atividade missionária pode tornar-se competitiva, e a conquista de almas pode degenerar, passando a ser uma espécie de plano de vendedor de escovas, para satisfazer a carne. Não se esqueçam, os fariseus eram grandes missionários, e circundavam mar e terra para fazer um converso.

Um bom modo de evitar a armadilha da atividade religiosa vazia é comparecer ante Deus sempre que possível com as nossas Bíblias abertas no capítulo treze de 1Coríntios. Esta passagem, conquanto considerada como uma das mais belas da Bíblia, é também uma das mais severas das que se acham nas Escrituras Sagradas. O apóstolo toma o serviço religioso mais elevado e o consigna à futilidade, a menos que seja motivado pelo amor. Sem amor, profetas, mestres, oradores, filantropos e mártires são
despedidos sem recompensa.

Fonte: Extraido do texto A ABSOLUTA IMPORTÂNCIA DO MOTIVO.

RAZÕES ECONÔMICAS MATAM A RELIGIÃO.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010




A única prova que Demétrio, o ourives, pôde apresentar a respeito da validade da sua religião foi gritar “Senhores, sabeis que deste ofício vem a nossa prosperidade...Grande é a Diana dos efésios!” Ele estimulava o culto a Diana por razões comerciais.

O interesse econômico na religião é fatal. Tão logo um homem se veja enredado no laço do interesse financeiro, ele já não é profeta, mas agora é filho de Mamom. Seu coração degenera, e o espírito começa a morrer. Quer ele cumpra algum dever religioso,quer faça qualquer ato moral, quer advogue uma reforma, ou pregue alguma doutrina, ele precisa fazer isso para garantir seu sustento, e agora ele já não é um verdadeiro pastor,mas um mercenário.

Quase todos os cristãos concordam que a igreja tem de sustentar seus ministros,assim como o país sustenta seus soldados a fim de deixá-los livres para a batalha. Essa disposição das coisas se encontra no Velho Testamento, e foi adotada na Igreja com pequenas alterações apenas. Esse é um sábio e sadio procedimento, e está acima de qualquer reprovação, desde que ambos, pastor e povo, sejam verdadeiros filhos de Deus.

Uma importante obrigação repousa sobre os ombros da igreja no tocante a manter financeiramente livre o ministro, a fim de que ele ensine as suas mais profundas convicções. O boicote financeiro é uma arma usada, às vezes, contra o homem que insiste em pregar verdades que não são bem-vindas, e coitado do homem que cai nessa armadilha. Coitada, mais ainda, da igreja que usa esse tipo de recurso.

Paulo tinha uma profissão com que se sustentava quando a necessidade surgia, e penso se não seria boa idéia que cada pregador mantivesse agulha e linha à mão para os casos de emergência. Qualquer coisa é melhor que prestar obediência a Mamom.

Alguns pregadores encontraram a feliz solução dos problemas financeiros mediante o simples plano de viver pela fé. Ninguém coloca pressão financeira num homem desses; uma vez que ele só dá contas a Deus pelo seu ministério; Deus é, pela mesma razão, responsável pelo pão diário dele. É impossível forçar um homem à submissão através desse procedimento (pressão financeira), porque o servo de Deus vive de maná, e maná pode-se encontrar onde quer que a fé possa vê-lo.
[The Price of Neglect, capítulo 13.]
Traduzido por Helio Kirchheim 

DEUS É UMA PESSOA ...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010















“Deus é uma pessoa, e nas profundezas de sua poderosa natureza ele pensa, deseja, tem gozo, sente, ama, quer e sofre, como qualquer outra pessoa. Em relacionamento conosco, ele se mantêm fiel a esse padrão de comportamento da personalidade. Ele se comunica conosco por meio de nossa mente, vontade e emoções. O cerne da mensagem do Novo Testamento é a comunhão entre Deus e a alma remida, manifestada em um livre e constante intercâmbio de amor e pensamento”.

Extraído do texto Seguindo a Deus de perto.
Livro: A Procura de Deus – Editora Betânia.

Encontrar-se com o Senhor

terça-feira, 2 de novembro de 2010


"Encontrar-se com o Senhor, e mesmo assim continuar a buscá-lO, é o paradoxo da alma que ama a Deus. É um sentimento desconhecido daqueles que se satisfazem com pouco, mas comprovado na experiência de alguns filhos de Deus que têm o coração abrasado. Se examinarmos a vida de grandes homens e mulheres de Deus, do passado, logo sentiremos o calor com que buscavam ao Senhor. Choravam por Ele, oravam, lutavam e buscavam-nO dia e noite, a tempo e fora do tempo, e, ao encontrá-lO, a comunhão parecia mais doce, após a longa busca. Moisés usou o fato de que conhecia a Deus como argumento para conhecê-lO ainda melhor. “Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o Teu caminho, para que eu Te conheça, e ache graça aos Teus olhos” (Ex 33:13). E, partindo daí, fez um pedido ainda mais ousado: “Rogo-te que me mostres a tua glória” (Ex 33:18).  Deus ficou verdadeiramente alegre com essa demonstração de ardor e, no dia seguinte, chamou Moisés ao monte, e ali, em solene cortejo, fez toda a Sua glória passar diante dele". 

A.W.Tozer.
Extraído do texto "Seguindo Deus de perto"

QUEM FOI A.W.TOZER

"Penso que minha filosofia é esta: Tudo está errado até que Deus  endireite  as  coisas."
Esta declaração do Dr. A. W. Tozer resume perfeitamente a sua crença e o que ele tentou fazer durante seus anos de ministério. Todo o foco de sua pregação e tudo aquilo que escreveu concen­trava-se em Deus. Não tinha tempo para mascates religiosos que inventavam novos meios de promover suas vendas e elevar suas esta­tísticas, Da mesma forma que Thoreau, autor por ele muito admi­rado, Tozer marchava ao som de um tambor diferente; e por esta razão, no geral achava-se fora de compasso com muitos dos parti­cipantes na parada  religiosa.

Mas o que nos fazia amá-lo e admirá-lo era justamente esta excentricidade evangélica. Ele não temia dizer-nos o que estava er­rado, nem vacilava em mostrar-nos como Deus poderia endireitar as coisas. Se um sermão pode ser comparado à luz, A. W. Tozer lançava então um raio laser do púlpito, um raio que penetrava o seu coração, queimava a sua consciência, expunha o pecado e fazia você gritar: "Que devo fazer para ser salvo?" A resposta vinha sempre igual: renda-se a Cristo; conheça pessoalmente a Deus; cresça para assemelhar-se a Ele.

Aiden Wilson Tozer nasceu em Newburg (então conhecido como La Jose), Pensilvânia, a 21 de abril de 1897. Em 1912 a família mudou-se da fazenda de Akron, Ohio; e em  1915 ele converteu-se a Cristo, entrando imediatamente numa vida de grande intensidade devocional e testemunho pessoal. Em 1919 começou a pastorear a igreja da Aliança em Nutter Fort, em West Virgínia. Também serviu em igrejas nas cidades de Morgsntown, West Virginia; Toledo, Ohio; Indianapolis, Indiana; e em 1928 iniciou seu trabalho na igreja da Aliança em Chicago (Southside Alliance Church). Ali serviu até novembro de 1959, quando tornou-se pastor da igreja Avenue Road em Toronto. Um repentino ataque cardíaco a 12 de maio de 1963 pôs fim a esse ministério e Tozer foi introduzido na glória.

Estou certo de que Tozer alcançou mais pessoas através de seus escritos do que de sua pregação. Grande parte do que escreveu foi refletido na pregação de pastores que alimentavam a alma dos seus fiéis com as palavras dele. Em maio de 1950, Tozer foi nomeado redator da revista "The Alliance Weekly", agora The Alliance Witness, talvez a única revista religiosa comprada principalmente pelos seus editoriais. Ouvi certa vez o Dr. Tozer, numa conferência na Associação da Imprensa Evangélica, criticando os editores que prati­cavam o que ele chamava de "jornalismo de supermercado — duas colunas de anúncios e um corredor de material de leitura". Ele era um escritor exigente e tão rigoroso consigo mesmo quanto com os demais.

O que toma conta de nós e não nos deixa escapar mais nos trabalhos de Tozer? Ele não teve o privilégio de cursar uma univer­sidade nem um seminário, ou sequer uma escola bíblica; todavia, deixou-nos uma estante de livros que será consultada até a volta do Senhor por aqueles que buscam crescer em espiritualidade.

A. W. Tozer escrevia com convicção. Ele não tinha interesse em agradar os superficiais cristãos atenienses que estavam em busca de novidades. Tozer voltou a cavar os velhos poços e nos chamou de volta aos velhos caminhos, acreditando ardentemente nas verdades por ele ensinadas e pondo-as em prática. Certa vez disse a um amigo meu: "Consegui a antipatia de todos em toda plataforma a que subi neste país durante a realização de uma Conferência Bíblica!" O povo não corre para ouvir alguém cujas convicções tragam cons­trangimento.

Tozer era um místico — um místico evangélico — numa era pragmática e materialista. Ele contínua a chamar-nos para observar aquele mundo da realidade espiritual que fica além do mundo físico que tanto nos seduz. Ele nos pede para agradar a Deus e ignorar a multidão, para adorar a Deus a fim de nos assemelharmos a Ele. Quão desesperadamente precisamos hoje dessa mensagem!

A. W. Tozer tinha o dom de tomar uma verdade espiritual e colocá-la sob a luz, a fim de que, como um diamante, cada faceta fosse vista e admirada. Ele não se perdia nos pântanos homiléticos; o vento do Espírito soprava e ossos mortos ganhavam vida. Seus ensaios são como delicados camafeus, cujo valor não é determinado pelo seu tamanho. Sua pregação caracterizava-se por uma intensidade espiritual que penetrava o coração, ajudando-o a ver Deus. Feliz o cristão que pode dispor de um livro de Tozer quando sua alma está sedenta e ele sente que Deus se distanciou.

Isto leva àquela que julgo ser a maior contribuição que A. W. Tozer faz em seus escritos: ele o estimula tanto com relação à verdade, que você se esquece de Tozer e procura a sua Bíblia. Ele mesmo repetiu muitas vezes que o melhor livro é aquele que faz você desejar pô-lo de lado e pensar por si mesmo. É raro eu ler Tozer sem procurar meu caderno de notas e escrever nele alguma coisa que mais tarde possa ser transformada numa mensagem. Tozer é como um prisma que recolhe a luz e depois revela a sua beleza.

Selecionar o "melhor de A. W. Tozer" é uma tarefa impossível. Melhor para quem? Para que necessidades? Como pastor, eu esco­lheria cinquenta ensaios que iriam desafiar e abençoar o coração de meus irmãos no ministério, mas Tozer é lido por muitos que não exercem essa função. Por ser escritor, eu poderia escolher capítulos dos seus livros que revelam sua habilidade com as palavras; mas a maioria dos leitores não escreve livros. Aqueles dentre nós que apreciamos os escritos de Tozer certamente temos os nossos favoritos, mas tenho certeza de que não haveria dois que concordassem.

Dos livros de Tozer publicados pela Christian Publications de Harrisburg, Pensilvânia, fiz seleções com base no tema e seu desen­volvimento. O Dr. Tozer dizia com freqüência as mesmas coisas de modos diversos, e tentei escolher os temas principais em sua melhor expressão. Se um de seus ensaios favoritos estiver faltando, talvez você seja compensado lendo um outro que tenha perdido ou es­quecido.

Se este livro for a sua primeira introdução a A. W. Tozer, permita-me então sugerir a melhor maneira de ler seus ensaios. Você deve lê-los lentamente e com reflexão, meditando enquanto lê. À medida que lê, ouça o que Tozer chamava de "a outra Voz" falando a verdade através dessas breves mensagens. Se certa verdade se puser a queimar em seu coração, coloque o livro de lado e deixe que Deus o oriente. Aguarde em silêncio diante dEle e bem fundo em seu coração Deus lhe falará.

Texto Extraido de "O Melhor A.W.Tozer - Editora Mundo Cristão.